“ O bebé sem a sua mãe não existe” – Winnicott, pediatra e psicanalista.
Hoje é para ti que escrevo, sim exatamente para ti: Para ti que aguardas ansiosa que apareçam os risquinhos no teste e te tragam finalmente um positivo; E para ti que não ousas ter outro filho, mas no fundo gostavas muito; E para ti, grávida de primeira viagem; E para ti mãe de dois, três, quatro, cinco, os que forem. É para mim própria que escrevo.
Deixa-me que te (nos) diga que isto da maternidade pode ser solitário. Sim, assim mesmo. Sem escamotear, sem subterfúgios:
Aquele que aparentemente devia ser um dos momentos mais felizes da tua (nossa) vida – e provavelmente até é, mas neste momento estás (estamos) eventualmente demasiado cansada para o conseguires percepcionar assim – pode ser tremendamente solitário.
As horas correm num loop sobre o qual quase se perdeu o controlo. É o espelho que te devolve uma imagem que não reconheces como tua. São os amigos que nem sempre compreendem a tua falta de vontade para programas que antigamente te entusiasmavam. São as prioridades de outrora que passaram a ser tudo menos urgentes. São as responsabilidades profissionais que conseguias ter estoicamente em dia e por vezes até por antecipação e agora quase que nem consegues (conseguimos) ler meia dúzia de linhas de um e-mail sem dar cabeçadas no ar. São as horas que passam é já é hora dos banhos e jantar (como assim se ainda não chegaste a almoçar?). É a roupa que se acumula no cesto para dobrar e a única coisa que consegues lá fazer é vasculhar por mais um soutien de amamentação. É o duche rápido com a espreguiçadeira enfiada no WC e entretanto o bebé acorda, o cabelo fica por lavar – que importa, fazes um coque no alto da cabeça e siga para bingo que está novamente na hora dele mamar – como assim mamar novamente? Não estava agarrado a ti, qual percing de mamilo, há cinco minutos atrás? É o teu companheiro de agora ou de todos os tempos que outrora até podia ler-te os pensamentos e que agora pode nem sempre compreender-te – pudera não tem esse cocktail de hormonas no organismo e se até nem tu às vezes te entendes.
E os palpites? Esses que podem chegar a tirar-te o sono: Normalmente surgem de entidades às quais não pediste qualquer opinião. Mas quando nasce um bebé dás um pontapé numa pedra e nasce uma “palpiteira” de serviço: credenciada pela escola da vida, pronta para te confundir: o bebe está a chorar – o leite é fraco; o bebe está gordo – o leite é forte; não dorme – dá suplemento; está no colo – não vais fazer mais nada dele e fica mal habituado; está a choramingar – aí que horror tens de lá ir já. E depois todas as outras generalidades: ainda estás tão gorda, ai estás tão magra, ai esse cabelo, estás tão descuidada, ainda não voltaste ao trabalho, já voltaste ao trabalho?
E os dias vão correndo e o teu instinto de Mãe vai ficando para trás. Começas a questionar se estás no caminho certo
. E cedes à suplementação. Cedes ao carrinho e deixas de dar tanto colo. Cedes ao espelho e deixas de te sentir bonita, esqueces-te de ser mulher. Cedes e o teu coração fica apertado.
Mas, deixa-me contar-te um SEGREDO, de quem já é #maede3, nunca vamos conseguir agradar a todos, tudo passa depressa, não tarda eles vão voar do ninho, por isso aproveita!
Respira.
Confia.
E mantém-te certa de que és a Melhor Mãe para o teu bebé.
🙏🏻🍀❤️
Catarina Silva Almeida

Catarina Silva Almeida
Psicóloga Especialista
Ordem dos Psicólogos Portugueses n•63
Tlm: 967367186
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